Uma decisão da maior importância para uma mulher é o formato que vai dar ao penteado. Primeiro, porque ele funciona como cartão de visitas — é a primeira coisa que as outras mulheres vão reparar e comentar. O cabelo diz muito sobre o estilo da pessoa, mostra o quanto ela está antenada com as tendências da moda e, muitas vezes, dependendo do grau de maldade das amigas “íntimas”, até denuncia o tipo de salão que ela frequenta: de primeira ou de segunda linha. Até aí, nada de novo.
Outro dia, porém, me vi diante do espelho, cabelos molhados, encarando uma questão crucial: “viro as pontas para fora ou para dentro?” Convém esclarecer que meu cabelo é bem liso; portanto, esse detalhe das pontas é justamente o que dá o toque final ao visual.
Foi então que percebi que essa escolha não é apenas estética. Existe ali um componente subjetivo que orienta o impulso de virar as pontas para um lado ou para o outro. Passei a lembrar dos momentos em que optei pelo estilo mais Chanel e daqueles em que resolvi ir para o lado mais esvoaçante — e algumas fotos ajudaram bastante. A relação entre o estado de espírito e a direção das madeixas ficou claríssima.
Pontas para dentro? Momentos de introspecção, maior formalidade, até um certo romantismo. Pontas lançadas ao vento? Situações de alegria, leveza, informalidade — uma vibração mais jovial.
Essa descoberta, no entanto, abriu um sério precedente: comecei a aplicar a “regra das pontas” aos cortes masculinos.
- Cabelo comprido? Criativos, sonhadores. Nos mais velhos, um resquício da juventude setentista — ou a tentativa de mantê-la viva.
- Cabelos raspados? Homens decididos, que gostam de marcar presença, serem notados, criar um estilo.
- Topete? Sonhadores, nostálgicos, românticos. (Virou um vício meu observar topetes — uma mania da qual não consigo me livrar.)
Desde então, observo as pessoas na fila do supermercado, no ponto de ônibus, no trabalho, buscando relações entre personalidade e penteado. É um perigo.
A solução? Pelo menos em relação ao meu cabelo, decidi usar reto: nem para fora, nem para dentro.
Interpretem como quiserem.































