Por Eduardo Marcondes Suave
Na Idade Média, um homem foi preso por roubar um boi e condenado à morte. Na véspera da execução, viu um burro pela janela da cela e começou a conversar com o animal apenas para passar o tempo. Um soldado ouviu a cena e, zombando, perguntou se ele realmente falava com burros. O preso respondeu com ironia: “Eu ensino burro a falar”.
A frase, dita sem intenção, chegou aos ouvidos do rei. Vaidoso e desejoso de possuir algo que nenhum outro governante tinha, o rei mandou chamar o homem e perguntou se ele realmente sabia ensinar um burro a falar. Com calma, o preso disse que sim, que era um conhecimento passado de geração em geração em sua família.

Animado com a possibilidade de ter um burro falante, o rei lhe fez uma proposta ousada: suspenderia sua execução e daria um ano para que ele ensinasse o novo burro do reino a falar. Se tivesse sucesso, seria um homem livre. Se estivesse mentindo, sofreria uma morte lenta e dolorosa. A escolha parecia impossível, mas o homem aceitou.
Ao retornar à cela, um amigo de infância, também preso, o chamou de louco. Disse que ele nunca conseguiria ensinar um burro a falar e que agora morreria de forma ainda pior. O homem, sereno, respondeu: “Eu morreria amanhã. Agora ganhei um ano. Em um ano, o burro pode morrer, eu posso morrer, ou o rei pode morrer. Às vezes, tudo o que precisamos é ganhar tempo”.
Lição da história: na vida, quando tudo parece perdido, criar tempo pode ser a chance que faltava para que novas possibilidades apareçam. Nunca subestime o poder de adiar o inevitável — o mundo pode mudar muito nesse intervalo.






























