Olá, querido leitor e querida leitora da Dolce Fashion!
Em 2025, a moda internacional vive um momento de reinvenção acelerada. O que antes parecia tendência de nicho como a integração da inteligência artificial ao processo criativo ou o investimento estruturado em materiais regenerativos, tornou-se peça central de um setor que busca equilibrar inovação, propósito e desejo.

Nas grandes capitais fashion, de Paris a Seul, o desfile já não começa na passarela, mas nos laboratórios digitais. Marcas consolidadas e novos criadores estão usando IA generativa para desenvolver estampas, prever demandas e até criar protótipos tridimensionais que reduzem o desperdício e aceleram a fase experimental. A tecnologia, porém, não elimina o toque humano: pelo contrário, valoriza-o. Quanto mais o virtual avança, mais cresce o fascínio pelo artesanal, pela costura minuciosa, pelas técnicas ancestrais que se transformam em luxo contemporâneo.
O mesmo acontece com a sustentabilidade, que deixou de ser promessa e tornou-se obrigação. Materiais biodegradáveis, fibras cultivadas em laboratório e processos de produção de baixo impacto já não são diferenciais, mas o mínimo esperado por uma nova geração de consumidores globais atentos, politizados e críticos. A moda responde com coleções modulares, peças desenhadas para durar e modelos de circulação têxtil que transformam o guarda-roupa em ecossistema.

Mas talvez a grande narrativa deste momento seja o intercâmbio cultural sem fronteiras. Colaborações entre designers de diferentes continentes, influências híbridas e a democratização estética trazida pelas plataformas digitais criam um panorama vibrante, onde a moda não apenas reflete o mundo, mas o reinventa.
Entre algoritmos e agulhas, materiais futuristas e técnicas milenares, a moda de hoje escreve uma história que mistura ousadia, responsabilidade e imaginação. E, mais do que nunca, convida o público a vestir não só tendências, mas ideias.

O retorno ao artesanal não é apenas uma tendência estética: tornou-se um movimento sólido dentro do alto luxo global. Em um mundo saturado de produção em massa e efemeridade digital, o valor do feito à mão ressurge como símbolo máximo de exclusividade. Cada ponto manual, cada trançado e cada processo lento passa a carregar não apenas técnica, mas também narrativa e é justamente essa história que o consumidor contemporâneo mais deseja vestir.
Casas tradicionais têm liderado esse renascimento. A Hermès, por exemplo, reforça continuamente o prestígio de seus artesãos, cuja formação pode levar anos até que conquistem o domínio necessário para confeccionar um Birkin ou um Kelly. A escassez assumida, as longas listas de espera e a autenticidade comprovada transformam cada peça em patrimônio.

Na Espanha, a Loewe sob direção de Jonathan Anderson elevou o artesanato a protagonista absoluto. Suas coleções celebram técnicas como cestaria, cerâmica, trançados e tecelagem manual, valorizando comunidades e preservando tradições que corriam risco de desaparecer. O projeto “Loewe Craft Prize”, um dos concursos mais prestigiosos para artesãos do mundo, reforça essa missão cultural ao premiar criadores que combinam técnica, inovação e poesia material.
A Chanel segue caminho semelhante ao manter e investir em seus Métiers d’Art — ateliês especializados em bordados, plissados, botões, plumas e ourivesaria. Esses estúdios, como Lesage e Lemarié, são responsáveis por transformar uma simples peça de tecido em obra-prima, costurando horas de trabalho humano em cada detalhe microscópico. Essa valorização do savoir-faire garante longevidade às técnicas tradicionais, enquanto posiciona o luxo francês na vanguarda da sofisticação.

Na Itália, a Bottega Veneta reafirma seu lema “When your own initials are enough” (Quando suas próprias iniciais são suficientes), com o ressurgimento do intrecciato, trançado manual que exige precisão e paciência. O gesto repetitivo e matemático do couro entrelaçado, preservado por artesãos especializados, tornou-se não apenas identidade visual da marca, mas símbolo de um luxo silencioso e perene.
Esse movimento também se espalha para marcas menores e designers independentes ao redor do mundo, que agora ganham espaço justamente pela autenticidade do trabalho manual. Em Tóquio, ateliês de índigo dyeing (índigo tingido) e técnicas de boro ressurgem como arte viva. No México, bordadeiras de Oaxaca colaboram com designers modernos, unindo tradição e contemporaneidade. Na África Ocidental, o tecido bogolan, tingido com lama e motivos simbólicos, conquista editoriais internacionais e passarelas globais.

No centro dessa virada está um desejo coletivo: possuir menos, mas possuir melhor. Investir naquilo que tem alma, tempo e mãos humanas por trás. O feito à mão volta ao topo não apenas como luxo, mas como manifesto, uma recusa ao descartável e uma declaração de que o verdadeiro valor está naquilo que não pode ser replicado por máquinas.
Bom, querido amigo e querida amiga da Dolce Morumbi®, sempre coloco que o mundo da moda pode tomar seus rumos tecnológicos, mas a arte do artesanal vem criando esferas absolutamente valorizadas e exclusivas. Gosto não se discute, mas excelência continua tendo muito valor.
Abraços e até a próxima edição.































