Ser um profissional diferenciado no mercado de trabalho requer que se tenha plurais qualidades, entre uma das principais, a qualidade de ser e pensar de forma plural. Ser plural é ter empatia. É ser solidário. É ser ouvinte. É ser sensível.
A sociedade tem se reconhecido como ampla, plural, com subjetividades, com problemas estruturais-históricos. Isso ocorre porque, há situações e contextos, que comprovam a exclusão e negativa de direitos, à sujeitos e grupos. Como, por exemplo, o uso do nome social da pessoa trans ou o reconhecimento da capacidade civil de pessoas com deficiência. Situações às quais, quando (finalmente!) reconhecidas, entregam um infinito de possibilidades de acesso à direitos e justiça.
Assim, tem-se cada vez mais, ponderado os princípios da igualdade e de dignidade humana, para que se garanta e promova segurança jurídica, social e política. As pessoas, que compõem grupos sociais (ou mais de um, por exemplo: uma pessoa preta e com deficiência) que tiveram direitos negados, HOJE têm alguns direitos assegurados em todas as nossas esferas do nosso País.
Uma sociedade que inviabiliza, silencia ou oprime é fruto de uma reprodução de relações excludentes, sejam social, histórica, política, econômica ou cultural. Por isso, é necessário revisitar nossos conceitos e padrões de normalidade, do correto, aceito ou possível. A ideia é tratar de forma diferenciada àqueles que precisam disso para alcançar os mesmos direitos de outras pessoas que não possuem uma condição de existência que foi ignorada, através dos tempos.
O mercado de trabalho e de consumo, diverso e inclusivo, é uma forma de garantir parte da dignidade dos sujeitos, conforme a ONU. Somente assim, é possível ofertar um mundo inclusivo, pensando desde hoje e para o futuro. Uma responsabilidade humana e intergeracional compartilhada, e por tal razão, engloba sociedade, mercado, ambiente laboral e corporativo.
É medida urgente a promoção e garantia de autonomia de todos os indivíduos – que começa com o acesso ao mercado de trabalho. É a possibilidade de experimentação, de todas as relações sociais, para além das laborais, englobando as amizades, rotina, ocupar espaços públicos – como o transporte e acesso à cidade -, e também o total acesso a bens de consumo (como a moda inclusiva, por exemplo!), assim como todos na sociedade.
Por isso, o mercado tem reagido com a promoção políticas de diversidade e inclusão nas empresas. O que abre mercado para profissionais atentos ao contexto nacional e internacional e que rapidamente compreendam as mudanças e processos de reconhecimentos e de inclusão.
O primeiro passo é: conhecer as subjetividades – as características próprias da existência do Outro
No nosso ordenamento jurídico, compreendemos que a igualdade deve ser analisada a partir do conhecimento das subjetividades que compõem as pessoas de determinado grupo. Precisamos entender as desigualdades e diferenças, para que possamos entregar a igualdade de fato. Vejamos um exemplo: As pessoas com deficiência, experienciam de forma diferente a acessibilidades aos espaços públicos, ao ensino formal, à vida social, ao trabalho… E essas diferenças, precisam ser analisadas para que se possa tentar alcançar uma igualdade real.
Se assim não fosse, imagine como seria para um cadeirante, conseguir atravessar uma rua. Podemos determinar que a igualdade seria não diferenciar, ainda que em razão de acessibilidade? Não, porque são condições humanas e da existência do ser que os colocaram em diferente de outras pessoas. Por isso, existem critérios de ações afirmativas, por exemplo: o critério mínimo de contratação de pessoas com deficiência (ou cotas de maneira geral).
Por isso, um profissional que percebe e reconhece as subjetividades dos colegas e da equipe, é capaz de gerenciar as aptidões, refletindo no aumento criativo e produtivo de todos. Quando há compreensão, dos contextos que envolvem as pessoas do ambiente laboral, é possível transformar as diferenças em ferramentas. Um profissional que possui essas qualidades, possui inteligência emocional e potencial em soft skills. Passa a imagem de boa relação com os outros, de expoente de criatividade e produtividade, pois percebe e trabalha as diversas potencialidades – de si e dos outros-. Logo, seu diferencial é facilmente percebido no mercado de trabalho.
Além disso, em um espaço, de construção de diálogo, promovido pela empresa e pelas lideranças, o respeito às condições das existências, é capaz de aumentar processos de empatia dentro do ambiente laboral. A aproximação dos sujeitos, pelo reconhecimento de própria existência e da do outro, fortalece a identidade da equipe e a promoção de um ambiente seguro, fundamental para o desenvolvimento prático, técnico e criativo da equipe. Portanto, conhecer e reconhecer condições humanas das existências pode resultar em um maior comprometimento e confiabilidade geral. Trazendo novas perspectivas à equipe e em suas tarefas, com maior possibilidade de soluções disruptivas, conforme pesquisa da National Institute of Economic and Social Research (NIESR) (2016) e também da Revista Harvard Business Review (2018).
Viu? Ser plural é abrir-se para múltiplas competências humanas!
Caroline Vargas Barbosa é advogada, docente universitária e pesquisadora. Doutorando em Direito pela UnB, Mestra em Direito Agrário pela UFG e especialista em Processo Civil pela UFSC. Atua em pesquisas e assessoramentos de diversidade, inclusão e ESG.
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