Afinal, o que é esse tal de ESG?

Eleine Bélaváry

Ultimamente, muito tem se falado sobre o sistema ESG (environmental, social and corporate governance) ou ASG (ambiental, social e governança) como importante critério para a tomada de decisão de grandes investidores, gestores de fundos ou estrategistas. Embora o tema tenha surgido desde os anos 90, percebemos que só nos últimos tempos vem ganhando mais força no mercado. De verdade, a sigla surgiu pela primeira vez em um relatório de 2005 intitulado “Who cares wins” (algo como “Ganha quem se importa”), resultado de uma iniciativa liderada pela Organização das Nações Unidas.

Internacionalmente, as maiores gestoras de fundos, family offices ou fundos de pensão globais deixaram de investir em empresas que não têm a sustentabilidade como premissa de gestão dos seus negócios. Ou seja, indústrias geradoras de passivos ambientais, que não gerenciam seus resíduos, que não praticam a logística reversa, que geram lixo nuclear, que usam combustíveis fósseis como fonte energética, entre outras práticas negativas, vêm sendo excluídas de importantes portfólios. Mesmo as que possuem processos produtivos limpos, mas não respeitam colaboradores, direitos trabalhistas, fornecedores, sociedade e comunidade também têm sido rejeitadas por investidores. De forma prática, os fundos ESG reúnem organizações que estão atentas aos impactos que provocam no meio ambiente e na sociedade.

Uma das bases que fundamentam o índice ESG é o Pacto Global na área de Direitos Humanos, Trabalho, Meio Ambiente e Anticorrupção. Ao analisar as empresas a partir destes critérios e princípios, investidores e administradoras de fundos de ações agora podem separar o “joio do trigo”: empresas que realmente cumprem esses requisitos daquelas que praticam o greenwashing – um disfarce ou maquiagem que usam para parecerem social e ambientalmente conscientes e obterem benefícios como valorização da marca ou isenções tributárias, o que infringe o critério da Governança, visto que o greenwashing é considerado um posicionamento antiético.

A Black Rock, líder mundial em gestão de investimentos, com mais de 7 trilhões de dólares em ativos, tem utilizado o ESG como padrão de análise das organizações. Em 2020, por exemplo, ela anunciou o desinvestimento em alguns setores intensivos em carbono e tem disseminado amplamente no mercado a ideia de que as empresas existem para dar retorno a todas as partes interessadas (stakeholders), e não apenas aos acionistas.

Basicamente, são três critérios de análise utilizados para definir se vale a pena investir em um negócio:

  • Ambiental: a empresa minimiza seus impactos na natureza? Preocupa-se com suas emissões de gases de efeito estufa? Está atenta a questões como eficiência energética, logística reversa, compensação ambiental de resíduos, descarte adequado do lixo, uso da água, preservação do meio ambiente?
  • Social: a empresa respeita os direitos dos colaboradores? Cuida da segurança ocupacional? Promove o bem-estar no ambiente de trabalho? Tem diversidade? Contribui com a comunidade?
  • Governança: a empresa adota as melhores práticas de governança corporativa? Tem ações de liderança? Tem conselho diverso? Pratica a transparência na prestação de contas? Possui regime de auditorias, políticas anticorrupção, postura ética, controles internos alinhados com o compliance? Garante os direitos dos acionistas, principalmente os minoritários?

É visível que os consumidores estão cada vez mais conscientes e exigentes, dando preferência a marcas que estejam alinhadas com seus princípios de vida. Assim, para conquistar a sua fatia, as empresas vêm fazendo adaptações em seus processos produtivos e matérias-primas para atender às novas necessidades e preferências do mercado.

Resumidamente, o ESG não é modismo ou uma filosofia que irá direcionar o investidor em suas aplicações, mas um posicionamento estratégico que prioriza ações e marcas que têm potencial de crescimento sustentável e valorização no longo prazo. Empresas ambientalmente conscientes, com práticas de responsabilidade social e de governança são, na verdade, atributos que resultam em maior lucratividade e valor de mercado.

Eleine Bélaváry é moradora do Morumbi, bióloga e Sócia proprietária da Connexion Negócios Sustentáveis

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