Notas baixas na escola: o DPAC pode ser a causa

Claudia Alaminos

Crianças com Distúrbio do Processamento Auditivo Central (DPAC) muito provavelmente serão tomadas por desatentas e pouco interessadas na escola. Seu rendimento tende a ser baixo desde o início, uma vez que ocorrem dificuldades já na alfabetização. Isso não tem nenhum relacionamento com surdez, falta de inteligência ou preguiça. As questões ocorrem por uma dificuldade em interpretar os sons da fala.

O Processamento Auditivo Central é uma função do sistema nervoso que tem, entre suas várias funções, a responsabilidade pela compreensão de uma mensagem. É a maneira que o cérebro decifra o que foi ouvido. Este tipo de processamento é o responsável pela localização de um som, pela possibilidade de focar em um som e ignorar sons concorrentes, memorizar sequências sonoras, entre outras funções.

O DPAC é um problema na utilização que o sistema nervoso faz dos sons e palavras ouvidos pela pessoa. Na maioria das vezes a audição é normal, mas as dificuldades encontram-se no foco dado aos sons e na interpretação que se faz deles.

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Os principais sintomas do DPAC estão elencados abaixo. Caso sua criança apresente alguns deles, sugiro procurar um otorrino que depois de uma entrevista e avaliação, deve encaminhá-la a um exame específico para investigação do DPAC. Este exame deve ser realizado por um fonoaudiólogo.

Principais sintomas:

  • Dificuldades de aprendizagem;
  • Dificuldades de atenção e concentração;
  • Troca de sons na fala (especialmente os sons de /l/ e /r/);
  • Demora e dificuldades na alfabetização;
  • Troca de letras na leitura e na escrita;
  • Dificuldades em memorizar (recados, sequência de tarefas solicitadas, histórias que lhe foram contadas);
  • Agitação e/ou inquietação;
  • Aumento das dificuldades de atenção e compreensão em ambientes ruidosos;
  • Problemas para manter uma conversa em que várias pessoas participam;
  • Problemas para aprender uma nova língua;
  • Dificuldade para localizar a fonte do som que ouviu;
  • Dificuldade para entender o que foi dito (pede para repetir, fala muito: Hã? O quê?)
  • Pode fazer contas com facilidade mas tem dificuldades em interpretar problemas de matemática;
  • Entender errado o que foi dito;
  • Olha sempre para a boca de quem fala (a compreensão piora quando o interlocutor está longe ou de costas);
  • Normalmente apresenta comportamento impulsivo e/ou tendência ao isolamento.

No exame específico para o DPAC serão feitos o diagnóstico e a análise de como o cérebro interpreta a mensagem auditiva recebida e, consequentemente, descobrir como é a atenção e o foco da pessoa a estes sons.

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Após o diagnóstico do DPAC, o tratamento fonoaudiológico é composto por exercícios para as habilidades auditivas diagnosticadas e treinamento auditivo que é realizado em cabines acústicas. Na maioria das vezes, este tratamento é associado à terapia fonoaudiológica convencional para o tratamento da fala, linguagem oral e/ou escrita.
O professor é fundamental na descoberta dos primeiros indícios de DPAC por estar em contato direto com a criança em alguns de seus momentos de maior dificuldade que são a alfabetização e a manutenção da atenção e compreensão em ambientes ruidosos. No caso de suspeita, é importante chamar a família, explicar o que ocorre e encaminhar a criança à uma consulta inicial com um otorrino, já com a hipótese diagnóstica.

Depois que a criança é diagnosticada, o professor pode ajudá-la com as seguintes atitudes genéricas: colocar a criança nas primeiras cadeiras da sala, chamar seu nome esporadicamente durante a aula, escrever palavras-chave na lousa e sublinhá-las quando estiverem no assunto da aula, resumir uma explicação depois de feita com mais detalhes, falar de frente para a criança. Atitudes específicas deverão ser orientadas individualmente para cada criança, especialmente agora, com as aulas on-line, que podem dificultar a aprendizagem dos alunos com DPAC.

Como as crianças com DPAC não têm problemas cognitivos, precisamos dar a elas novos caminhos de aprendizagem pelos quais elas possam trilhar em seus estudos e se saírem vitoriosas.

Abraços maternos.

Claudia é mulher, esposa, mãe (de um rapaz e dois gatos), fonoaudióloga, psicopedagoga,
educadora parental em Disciplina Positiva, moradora do Morumbi e futura psicanalista.
Sem Educação nada é possível.
@claualaminos.

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