Opte por aprender e escutar – nunca por ignorar! Profissionais dinâmicos e analíticos, desenvolvem características de liderança, resiliência, mediação e fácil adaptabilidade nas situações diárias do ambiente laboral, porque, percebem as pluralidades e diferenças como potencialidade de ações.
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Conhecer o outro tão diferente de mim é compreendê-lo em todas as suas subjetividades. Para isso, basta escutar o que o outro verbaliza. A realidade narrada por ele não deve ser julgada, diminuída, menosprezada, invalidada ou silenciada. Isso porque, como mecanismo de evolução do ser humano, temos o aprendizado pelo e com o outro, despertando novas formas de perceber o mundo. Podemos, enquanto humanidade, aprender a partir da experiência dos outros. Aprendemos quando escutamos os mais velhos, quando nos narram experiências, como vivemos.
Isso é respeito. Isso é ver e enxergar com pluralidade e respeito. Isso é desenvolver uma habilidade dotada de importância na atualidade: a adaptabilidade e o desenvolvimento de aptidões em equipes como respostas criativas as demandas diárias do ambiente laboral. Tal aptidão se desenvolve com a prática real, de perceber histórias com os sujeitos que as narram.
Respeito é a premissa
É desrespeitoso quando alguém pretende impor o que percebe como certo, correto, justo, adequado, melhor, aceitável. É anular a existência do outro. É restringir a autonomia do outro. No ambiente laboral isso é mais perigoso ainda – e por isso muito observado nas contratações. Dentro da empresa há uma responsabilidade interna e externa que vinculam a própria noção de função social das empresas.
Gestores ou equipes que anulem pessoas com perseguições, silenciamento, cobranças excessivas, piadas ou chacotas, estão a todo momento representando a empresa. E situações assim, acarretam demandas judiciais por assédio moral ou doenças trabalhistas incapacitantes como bournout, por exemplo.
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Por isso, empresas tomam cuidado na contratação de pessoas não abertas às pluralidades. Pessoas que condicionam características e negam diferentes formas de ver e executar ações no mundo. Esse perfil tendencia a impor padrões, verdades e narrativas, o que em pouco tempo causa rupturas institucionais no ambiente laboral, alta rotatividade de empregados e demandas judiciais trabalhistas por desencadeamento das ações de silenciamento de um colega ou superior, dentro no ambiente de trabalho.
O perfil atual de contratação pelas grandes corporações, o que determina um mercado, é justamente o de pessoas com boas habilidades sociais de relação no ambiente laboral para desenvolvimento e retenção das pessoas em suas capacidades e formas de criatividade, valorizadas e a serem desenvolvidas nas atividades da empresa.
É um desenvolvimento interpessoal a partir de enxergar o outro, diferente de mim
As relações de trabalho são relações pessoais. Relações entre pessoas. Lidar com pessoas requer que se seja humano e se desenvolva sempre um olhar a protagonizar o humano, a pessoa, o sujeito, o trabalhador em diferentes aspectos e capacidades. Essa é uma forte tendência de busca de profissionais no mercado de trabalho, justamente, porque não se aprende somente em livros. Ela se desenvolve na prática do indivíduo, e por consequência, como qualidade da pessoa-empregado. A capacidade sensível de perceber holisticamente as pessoas é racionalizada como mecanismo de otimização das relações laborais.
Vamos para um exemplo. Agora pense que algumas pessoas com deficiências, visíveis ou invisíveis, narram seu cotidiano. Nele elas informam a falta de acessibilidade em um restaurante ou parque. Elas narram episódios de discriminação que sofreram no trabalho. Elas compartilham frases que doem, oportunidades perdidas e quantas vezes foram ou tiveram que se silenciar. Como as condições do seu ser são de análise prioritária, antes mesmo de perceber o ser humano. Elas verbalizam como o mundo as enxergam. Ou como o mundo as julgam, como vidas indignas ou como um peso para o Estado ou empresa – ainda reproduzem discursos similar ao plano T-4 de extermínio de pessoas com deficiência, durante a II Grande Guerra.
Você escolhe entre escutar ou ignorar. Você tem a autonomia de observar a experiência do outro e extrair um aprendizado que elaborará novas informações e conhecimentos, a partir do diálogo, em que mais se escuta, compreende e naturaliza condições e diferentes percepções humanas.
Uma empresa preocupada com a inclusão não quer somente cumprir a porcentagem legal de pessoas com deficiência. Uma empresa, com uma política de inclusão, observa as diferenças do desenvolvimento de capacidades e habilidades de todos, protagoniza seus trabalhadores e oportuniza o empoderamento de ocupar reuniões e espaços internos, como iguais, e não por cota, pena ou altruísmo. Uma empresa, com diversidade e inclusão, desenvolve capacitações e um ambiente propício para que os seus trabalhadores possam aprender com quem divide a jornada ou se propõem a narrar (suas) realidades diversas. A gentileza e a humildade de olhar o outro te levará ao sucesso, pois, das informações que soube apreender, você possibilitou a construção de pontes, de laços e de avanços – sociais e laborais.
Caroline Vargas Barbosa é advogada, docente universitária e pesquisadora. Doutorando em Direito pela UnB, Mestra em Direito Agrário pela UFG e especialista em Processo Civil pela UFSC. Atua em pesquisas e assessoramentos de diversidade, inclusão e ESG.
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