Corponormatividade

Diversidade Dolce

Caroline Vargas Barbosa

De que forma a corponormatividade afeta a inclusão e a diversidade no ambiente de trabalho? A experiência ESG pode nos mostrar caminhos para a solução

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Corponormatividade é um termo que se refere à imposição de padrões estéticos e físicos em nosso corpo, que ditam o que é considerado “normal” ou “adequado” pela sociedade. Esses padrões podem ser culturais, sociais, políticos ou econômicos e podem variar de acordo com a época e o local em que vivemos.

Para começar a entender…

A corponormatividade pode ser prejudicial, especialmente para aquelas pessoas que não se encaixam nesses padrões impostos pela sociedade, como pessoas gordas, pessoas com deficiência, pessoas trans, dentre outras. Essas pessoas são frequentemente marginalizadas, discriminadas e enfrentam barreiras para acessar espaços e oportunidades.

A corponormatividade pode ser desafiada por meio de práticas de aceitação e valorização da diversidade corporal. Isso significa que devemos reconhecer e respeitar as diferenças físicas entre as pessoas e não impor um padrão único de beleza ou habilidade física. É importante lembrar que todas as pessoas são valiosas e merecem respeito, independentemente de sua aparência ou habilidades físicas.

Por isso, é fundamental desconstruir a corponormatividade e promover a inclusão e a valorização da diversidade corporal. Isso não só beneficia a saúde mental e emocional das pessoas que não se enquadram nos padrões, mas também contribui para uma sociedade mais justa e igualitária.

Como ocorre a prática de corponormatividade?

A corponormatividade é uma prática que estabelece padrões corporais ideais, ou seja, define como um corpo “perfeito” deve ser. Esses padrões são influenciados por questões sociais, culturais e históricas, e podem variar de acordo com a época e a região em que se vive.

As práticas de corponormatividade afetam uma coletividade de indivíduos, já que criam uma pressão social para que todos atinjam esses padrões corporais ideais, o que pode levar a uma série de problemas emocionais, físicos e psicológicos. Por exemplo, muitas pessoas podem se sentir insatisfeitas com seus corpos, mesmo que eles sejam saudáveis, por não atenderem aos padrões de beleza estabelecidos pela sociedade. Além disso, quem não se encaixa nesses padrões, como pessoas gordas, pessoas com deficiência ou pessoas trans, pode ser discriminado ou excluído de diversas esferas da vida.

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Algumas práticas de corponormatividade incluem a pressão para ter um corpo magro, a discriminação contra pessoas gordas, a expectativa de que homens tenham corpos musculosos e a padronização de corpos brancos. Essas práticas podem ser encontradas em diversas áreas, como na moda, na mídia, na publicidade, nas redes sociais e até mesmo no ambiente de trabalho.

É importante questionar e desconstruir as práticas de corponormatividade, para que todas as pessoas possam se sentir aceitas e valorizadas, independentemente de seus corpos. Isso envolve a promoção da diversidade corporal, a desconstrução dos padrões de beleza estabelecidos pela sociedade e a inclusão de pessoas que não se encaixam nesses padrões.

Corponormatividade no ambiente de trabalho

Corponormatividade no ambiente de trabalho refere-se às práticas e normas que valorizam e favorecem determinados tipos de corpos, em detrimento de outros considerados “fora do padrão”. Isso pode se manifestar em formas de discriminação, como a exclusão de pessoas com corpos considerados “diferentes” ou a pressão para se adequarem a determinados padrões de beleza ou comportamento.

Essas práticas de corponormatividade podem ser prejudiciais para a saúde mental e física das pessoas que são afetadas por elas. Elas também podem limitar a diversidade no local de trabalho, o que pode levar a uma falta de criatividade e inovação nas equipes.

Empresas que desejam combater a corponormatividade podem se movimentar começando por promover um ambiente inclusivo, com políticas e práticas que valorizam a diversidade e combatem a discriminação. Isso pode incluir a implementação de políticas de contratação inclusiva, a oferta de recursos para funcionários que precisam de acomodações específicas e a promoção de programas de bem-estar que valorizem a saúde e o bem-estar de todos os funcionários.

Ao combater a corponormatividade no ambiente de trabalho, as empresas podem criar um ambiente mais saudável, diverso e inclusivo para todos os seus funcionários.

Os caminhos ESG para solução

As empresas e o compliance, responsável pelo cumprimento de normas e regulamentações, têm um papel importante na promoção de práticas de inclusão e diversidade no ambiente de trabalho, incluindo a não prática da corponormatividade.

Algumas empresas já estão adotando medidas para combater a corponormatividade, como políticas inclusivas de vestimenta e padrões de beleza que respeitem a diversidade corporal. Elas também podem oferecer treinamentos e programas de sensibilização para seus funcionários sobre a importância da inclusão e da aceitação de diferentes corpos.

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O compliance também tem um papel fundamental na promoção de práticas inclusivas e na não prática da corponormatividade. Isso porque ele pode trabalhar em conjunto com o setor de recursos humanos para garantir que as políticas de inclusão e diversidade estejam sendo cumpridas e que não haja discriminação por questões relacionadas ao corpo dos funcionários.

No entanto, ainda existem empresas e profissionais de compliance que não estão cientes ou não dão a devida importância à questão da corponormatividade. Isso pode levar a práticas discriminatórias e excludentes no ambiente de trabalho, o que é prejudicial tanto para os funcionários quanto para a imagem e reputação da empresa.

Por isso, é importante que as empresas e o compliance estejam sempre atentos à questão da corponormatividade e trabalhem para criar um ambiente de trabalho inclusivo e respeitoso, valorizando a diversidade e combatendo a discriminação.

A empresa americana Lululemon é um exemplo de adoção de medidas para combater a corponormatividade. Em 2020, a marca de roupas esportivas lançou uma campanha intitulada The Power of Three, que celebra a diversidade do corpo humano e busca promover uma imagem corporal mais inclusiva.

A campanha apresenta modelos com corpos diversos, incluindo corpos curvilíneos e com deficiência, e destaca a importância de aceitar e amar o próprio corpo, independentemente do tamanho ou forma. Além disso, a Lululemon oferece tamanhos de roupas que atendem a uma ampla gama de corpos, desde o extra pequeno até o triplo extra grande, em um esforço para tornar a marca mais acessível e inclusiva.

A Lululemon também criou o programa Here to Be, que fornece acesso a aulas de yoga e meditação gratuitas para pessoas com deficiência, crianças e jovens em comunidades de baixa renda. A empresa busca promover a inclusão e a igualdade por meio do bem-estar físico e mental, independentemente do tipo de corpo ou capacidade física.

Caroline Vargas Barbosa é advogada, docente universitária e pesquisadora. Doutorando em Direito pela UnB, Mestra em Direito Agrário pela UFG e especialista em Processo Civil pela UFSC. Atua em pesquisas e assessoramentos de diversidade, inclusão e ESG.

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