Festival Criativar discute o uso da maconha medicinal em um mercado de US$ 62,7 bi

"Cannabusiness: a revolução cannábica" será debatido em festival; 40 países autorizaram o uso medicinal e a indústria movimenta US$ 62,7 bilhões

O 1º Festival Internacional Santista de Criatividade, Inovação e Sociedade contará com mais de 40 atividades on-line gratuitas, divididas em quatro eixos temáticos: Cidadania Criativa; Tecnologia, Inovação, Negócios e Empreendedorismo; Futuro, Sustentabilidade, Impacto e Cidadania; e Criatividade, Cultura e Arte. Os painéis e debates – com participação de especialistas nacionais e internacionais – terão por foco economia criativa e inovadora, além da construção de uma nova sociedade. O bate-papo sobre Cannabusiness acontece em 27 de setembro, às 12 horas.

 

À medida que a ciência avança nas pesquisas que comprovam a eficácia medicinal dos produtos à base da cannabis e de seus derivados, cresce proporcionalmente o interesse e a atuação de investidores, que planejam lucrar com o mercado promissor da maconha legal. Da clandestinidade ao centro de uma verdadeira revolução social, comportamental e econômica, o cannabusiness – negócios associados à maconha – se consolida como uma força econômica inovadora. O tema estará no centro do debate em um painel do 1º Festival Internacional Santista de Criatividade, Inovação e Sociedade, no dia 27 de setembro, às 12 horas. Mediado por Danilo Tavares, fundador da Zopp Criativa, o bate-papo contará com as participações de Viviane Sedola, fundadora da startup Dr. Cannabis, plataforma que tem a missão de apresentar a terapia canabinoide como alternativa segura, facilitando o acesso a informações, médicos e produtos; Marcos Botelho, fundador e gestor da SuperJobs Venture Capital; e Fabrício Pamplona, neurocientista, empreendedor, psicofarmacologista do sistema endocanabinoide e referência mundial no uso medicinal de derivados da Cannabis. 

As vendas legais de cannabis cresceram 45,7% – lideradas principalmente pelos mercados de uso adulto no Canadá, na Califórnia e em Massachusetts –, alcançando faturamento de US$ 14,9 bilhões em 2019; em 2024, a indústria deve faturar US$ 42,7 bilhões, de acordo com o estudo 2020 Update to The State of Legal Cannabis Markets, conduzido pela Arcview Market Research (empresa que atua com fundos de investimentos e desenvolve pesquisas sobre o uso da maconha) e BDS Analytics. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a venda, em farmácias, de remédios à base da Cannabis, entretanto, o cultivo para fins medicinais ainda permanece proibido. No mundo, 40 países autorizaram o uso medicinal, que movimenta uma indústria de US$ 62,7 bilhões; a estimativa é que 4 milhões de brasileiros possam se beneficiar com remédios com canabinoides.

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Segundo Danilo Tavares, a cannabis – capaz de produzir muitas disrupções sociais e econômicas –, embora represente uma força econômica promissora, ameaça as estruturas dominantes conservadoras e patriarcais, gerando uma enorme resistência e constante campanha de ódio. “Foi dessa forma que surgiu a proibição da maconha, há menos de 100 anos. Contraditoriamente, estamos falando de uma planta medicinal milenar conhecida por diversos povos pelo mundo, da China aos Andes.E, na prática, traz consigo uma proposta de valorização do cuidado, pois as principais características são medicinais – curativa, paliativa e preventiva –, de bem-estar, beleza e lazer. Além de reduzir os impactos ambientais para produção em grande escala de papel, tecidos e fibras, por exemplo”, detalha.

Na análise de Tavares, em uma perspectiva histórica, embora o motivo apresentado na campanha mundial de proibição da maconha – iniciada nas décadas de 1930 e 1940 com fortes interesses norte-americanos – tenha sido a proteção da saúde pública, hoje o que se vê, em muitos estudos e em muitas práticas, são resultados impactantes no tratamento de diversas doenças como câncer, dores crônicas, epilepsia, autismo, depressão, enxaqueca, transtorno de ansiedade, estresse, mal de Parkinson e Alzheimer. “Sidarta Ribeiro faz uma analogia muito interessante na qual diz que a maconha está para as plantas assim como o cachorro está para os animais, pois foi cultivada, domesticada e selecionada por milênios para produzir benefícios aos humanos; é uma planta com uma diversidade de espécimes tão grande quanto as de raças de cachorro. E, assim como há cachorros que nos servem para caça, defesa, puxar trenós na neve ou para brincar com as crianças, a cannabis também tem uma diversidade de benefícios desenvolvidos com a interação cultural humana. A cannabis, como é hoje, não é obra puramente de Deus ou da natureza, é uma criação milenar da criatividade coletiva humana. Tecnicamente, possui todas as características para ser enquadrada como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO”, afirma. 

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Cannabis pelo mundo

Do ponto de vista econômico, Tavares aponta que a cannabis está sendo legalizada em diversos países, constituindo um setor produtivo com alto índice de lucratividade e de empregabilidade. Diversos Estados norte-americanos e em países como Portugal, Uruguai, Argentina, Peru, México e Israel, os governos estão tratando a questão da cannabis de forma mais inteligente. “É um assunto tabu no Brasil; a população ainda se comporta com muita resistência à escuta e ao diálogo, mas o capitalismo global vencerá esse ranço em breve. A questão não é mais ‘se’ a maconha será legalizada no Brasil, mas ‘como e quando’ será legalizada e regulamentada. E é óbvio que se legalizar o mercado canábico no país, ele será gigantesco. Já é gigante vendendo maconha estragada no meio da violência cotidiana. Essa é uma pauta importante, pois se demorar a legalizar e se não tivermos um plano estratégico que fortaleça o mercado interno, dos brasileiros e das brasileiras, fará com que o comportamento de Estado colonizado e agora aprofundado pelo capitalismo global seja reproduzido. Vão perder novamente o bonde da história e deixar usarem nossas terras, nossa força vital e levar o lucro embora? Já está na hora de tratar isso com um pouco mais de inteligência”, defende.

Em 2018, após a aprovação da lei agrícola nos Estados Unidos, houve um aumento de demanda exponencial pelos produtos, principalmente, em países desenvolvidos como Canadá, França e Holanda. Relatório publicado pela Global Market Insights, Inc. mostra que o tamanho do mercado de cannabidiol mundial deverá ultrapassar US$ 89 bilhões (R$ 477 bilhões) em receita até 2026. Muitos países legalizaram o cultivo de cânhamo – em vez do cultivo de cannabis –, uma vez que compreende grandes quantidades de THC. Esses números podem ser muito maiores; o mercado do Estado do Colorado, nos Estados Unidos, ultrapassou US$ 200 milhões (R$ 1,1 bilhão) em vendas mensais e quase US$ 1 bilhão (R$ 5,36 bilhões) no primeiro semestre 2020. É um setor que pode transformar a economia de muitos países e trazer benefícios à saúde pública e individual. O Peru está investindo na indústria do cannabidiol e seus derivados, que têm sido legalizados recentemente pelo governo para fins medicinais e terapêuticos. A expectativa é que até 2026 a participação no mercado de cannabidiol nesse país registre um Compound Annual Growth Rate (CAGR) – taxa de crescimento anual composta, um índice de retorno necessário para um investimento crescer do saldo inicial para o final – de 59,5%.

No painel, Danilo Tavares pretende debater esse ponto de vista do potencial investidor com Marcos Botelho, da SuperJobs – venture com foco em investimentos de alto impacto, cuja proposta é investir em pessoas diferenciadas e startups inovadoras que visam a transformar positivamente o mundo. Na percepção de Botelho, os investidores ainda estão receosos em investir em negócios ligados à Cannabis medicinal, pois muita gente confunde com o uso recreativo. No entanto, o investidor acredita que esse panorama vai mudar à medida que sejam disseminados benefícios aos pacientes crônicos de doenças. Hoje, a empresa conta com 33 startups no portfólio, sendo 21 no Brasil e 12 no exterior via participação no fundo Babel Ventures, dos Estados Unidos. A Dr. Cannabis – da empreendedora Viviane Sedola – é uma das empresas nascidas dentro da SuperJobs Venture Capital.

EIXOS DO CRIATIVAR

EIXO 1 | CIDADE CRIATIVA

_De uma economia criativa a uma cidade criativa: alternativas de desenvolvimento econômico.

_Negócios criativos e requalificação urbana.

_Entendendo os movimentos #beofficeless e #foracidadegrande: a diáspora dos criativos.

_A força da identidade local: hiperlocalismo e place branding.

_Centro: um polo criativo.

_Usinas criativas para um mundo pós-covid.

_Cidade criativa para além do empreendedorismo branco.

EIXO 2 | TECNOLOGIA, INOVAÇÃO, NEGÓCIOS E EMPREENDEDORISMO

_Canabusiness: a revolução cannábica.

_Para além dos unicórnios: cases de startups santistas.

_ Festivais de Inovação e Criatividade: ajudando a fomentar futuros

_Economia prateada: a revolução da longevidade.

_Desafios das mulheres no empreendedorismo.

_Empregabilidade e empreendedorismo trans.

EIXO 3 | FUTURO, SUSTENTABILIDADE, IMPACTO E CIDADANIA

_Agenda 2030: compromissos com o milênio, entendendo as ODS da ONU.

_Laboratórios cívicos: a imaginação coletiva.

_O poder do brincar: da saúde mental à transformação social.

_Renda básica universal: equidade para o futuro.

_Arqueologia do futuro: Santos, historicamente criativa.

_Dinheiro para um novo mundo: moedas sociais e novas visões de crédito.

_Liberte o futuro: a desigualdade global é hostil para as futuras gerações.

_ Afrofuturismo: um lúcido paradigma para o futuro.

_Design Fiction e Futures Thinkin

_O futuro do trabalho e o trabalho do futuro.

_A inovação está na natureza: olhares da agricultura urbana, da ecogastronomia e da biomimética.

_Mobilidade e inclusão.

_Financiando projetos: match de investidores, matchfunding e leis de incentivo.

EIXO 4 | CRIATIVIDADE, CULTURA E ARTE

_É possível ensinar criatividade?

_Ócio e tempo livre: de subversivos a revolucionários.

_Objetivos de Desenvolvimento Sustentável na Moda.

_Resistentes e Inovadores: os livreiros no mundo dos algoritmos e dos e-books.

_Mercado da voz: você já pensou em usar a sua?

_Desafios da equidade na produção cultural.

_O movimento maker e a construção de novas realidades.

_Novos papéis dos influenciadores digitais.

_As reinações da gastronomia: como o que está no nosso prato revela o espírito do nosso tempo?

_A era da curadoria.

_Empreendendo na música.

_Como transformar Santos em um polo do audiovisual?

_Audiovisual expandindo: realidade virtual e aumentada, animação; games e video mapping.

_Cinema nacional: rumos e resistências.

AGENDA

Evento: CriAtivar – 1º Festival Internacional Santista de Criatividade, Inovação e Sociedade

Data: de 24 a 27 de setembro

Transmissão: redes sociais do CriAtivar (@festivalcriativar)

Organização: DCovas Projetos Culturais e Corporativos, LAB 4D e Zopp Criativa  Cocuradoria: Atelier do Futuro

Realização: Governo do Estado de São Paulo | PROAC

SOBRE O FESTIVAL CRIATIVAR | Organizado pela DCovas Projetos Culturais e Corporativos, LAB 4D e Zopp Criativa – com curadoria do Atelier do Futuro e realização do Governo do Estado de São Paulo, via Programa de Ação Cultural (PROAC) –, o Festival Internacional Santista de Criatividade, Inovação e Sociedade foi pensado para colaborar com o ecossistema de Economia Criativa. O evento acontece em convergência com a Santos Criativa, selo adotado pela cidade. Em 2015, o município passou a integrar a Rede de Cidades Criativas da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), na categoria Cinema. De 24 a 27 de setembro, a partir da cidade e para o mundo, serão transmitidas mais de 40 atividades gratuitas como painéis, mostra de design e bate-papos. A programação on-line está alinhada a quatro eixos temáticos: Cidade Criativa; Tecnologia, Inovação, Negócios e Empreendedorismo; Futuro, Sustentabilidade, Impacto e Cidadania; e Criatividade, Cultura e Arte. 

Colaboração da pauta:

Frida Luna Boutique de Comunicação
Betânia Lins
[email protected]
Tânia Lins
[email protected]
(+55 11) 97338-3879

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