Como e quando conversar com meus filhos sobre sexualidade?

Dolce Criança

Cynthia Wood Passianotto

Conversas sobre sexualidade devem ocorrer desde os primeiros anos de vida, dosando a linguagem e o conteúdo de acordo com a fase do desenvolvimento da criança

Dos 18 meses até aos 3 anos, altura em que começam a controlar os esfíncteres, as crianças experimentam uma fase de prazer, marcada não só pelos elogios tecidos pelos adultos por irem sozinhos ao banheiro, como por descobrirem que têm um órgão sexual. Esta pode ser uma ótima ocasião para os pais ensinarem que não podem mostrar os órgãos genitais na presença de desconhecidos. Que existe momentos de banho e higiene e locais apropriados para arrancarem a roupa como o banheiro, o quarto.

Aos 4 e 5 anos, é normal que questionem as diferenças entre meninos e meninas e quererem explorar-se a si próprios e ao outro. Nesta fase é importante reiterar os cuidados a ter com o corpo e o conceito de privacidade, referindo que podem tocar-se a si mesmo, mas só podem fazê-lo em privado.

A criança deve saber o que são e os nomes científicos das partes íntimas, quem pode auxiliá-la na higiene e nos cuidados íntimos. Também aqui aprenderá mais sobre privacidade, consentimento e respeito.

Dos 6 aos 8 anos, as crianças manifestam, à sua maneira, curiosidade na concepção, na gravidez e no parto.

Dos 9 aos 11 anos, em plena puberdade, é útil conversar sobre menstruação, as mudanças no corpo e reforçar a higiene íntima.

Aos 12 e 13 anos podem solicitar informações sobre o período, a ejaculação, a masturbação, métodos contraceptivos e doenças sexualmente transmissíveis.

Imagem por Nelki Nimages em Canva Fotos

Se a criança chegar aos 10 anos sem manifestar qualquer curiosidade sobre o tema, é sinal de que está na hora dos pais abordarem o assunto.

Como acabamos de ver, a educação para a sexualidade na infância e pré-adolescência abrange o conhecimento do corpo humano, o respeito por si e pelo outro, a higiene, a nudez, a privacidade e o consentimento.

E, como parte integrante do seu desenvolvimento, a masturbação também aqui aparece como curiosidade natural da criança. Por vezes, tanto os pais como os professores não sabem como lidar com a situação e acabam por repreender a criança em lugar de orientá-la. Porém, também este é um bom momento para voltar a falar sobre a intimidade, a privacidade e pelo respeito do próprio corpo. Desta maneira, quando chegar à adolescência, poderá lidar melhor com as selfies, e as exposições nas redes sociais.   

Não esquecer que as crianças sem educação sexual ficam mais vulneráveis, pois não conhecem o seu corpo. Com a internet e as redes sociais ao seu alcance, muitas vão se deparar com o tema da sexualidade, o que, se por um lado traz esclarecimento, por outro, abre caminho a informações inadequadas para cada etapa do seu desenvolvimento.

A educação sexual é ainda uma forma de prevenir os abusos e a violência sexual. Na verdade, é necessário dar a conhecer às crianças e aos jovens os direitos de viver a sexualidade e as formas de violência desses mesmos direitos. Nesta sequência, é relevante, ensinar o que é amar, o que é afeto e privacidade. Isto é fundamental para que a criança possa identificar e prevenir um abuso, pois ela saberá, na altura certa, diferenciar o que é um afeto e abuso ou violência sexual e comunicar tal fato aos pais ou professores. Por isso cabe aos pais a tarefa de aconselhar e se não souberem, procurar informação fidedigna em livros apropriados a cada faixa etária e assim, passar os conhecimentos a seus filhos.

Dicas de livros:

0 a 3 anos-

Pipo e Fifi para Bebês

Autora: Carolina Arcari

Apresenta conceitos sobre partes íntimas, consentimento e identificação das pessoas.

4 anos-

Pipo e Fifi- Ensinando proteção contra violência sexual

Autora: Caroline Arcari

Conceitos básicos sobre o corpo, sentimentos e emoções. De forma simples e descomplicada, ensina a diferenciar toques de amor de toques abusivos, apontando caminhos para o diálogo, proteção e ajuda. 

5, 6 anos-

Sexo não é bicho papão

Autor: Marcos Ribeiro

Numa linguagem clara, didática e afetiva, o livro apresenta as principais curiosidades que a criança tem sobre seu corpo e a sexualidade.

7 a 9 anos-

De onde vem os bebês

Autor: Andrew Andry

Fornece imagens e textos curtos, informativos sobre como o ser humano e algumas outras espécies nascem.

10, 11 anos-

O planeta EU

Autoras: Liliana Iacocca e Michele Iacocca

Dois pré-adolescentes recorrem as pessoas que eles conhecem para entender sobre diversos temas ligados ao sexo: como nascem os bebês, mudanças ocorridas durante a adolescência, prevenção de doenças e orientação sexual.

12 anos-

Aparelho sexual e cia. Um guia Inusitado para crianças descoladas.

Autora: Zep e Hélène Bruller

Apesar de ser um livro bem-humorado, ele está repleto de informações científicas de grande relevância.

Os temas abordados aqui são bem diversificados, incluindo pedofilia, incesto, doenças sexualmente transmissíveis e formas de contracepção eficientes.

Cynthia Wood Passianotto  é psicóloga e escreve quinzenalmente na Dolce Morumbi.
Acompanhe a Cynthia também em suas Redes Sociais:
@cynthia_wood_passianotto e @crescendoeacontecendo

Os artigos assinados não traduzem ou representam, necessariamente, a opinião ou posição do Portal. Sua publicação é no sentido de estimular o debate de problemas e questões do cotidiano e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo

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