Como o conceito ESG afeta globalmente o capitalismo imaterial?

Diversidade Dolce

Caroline Vargas Barbosa

O capitalismo imaterial é uma expressão que se refere à economia atual, que se baseia principalmente no conhecimento, na inovação, na tecnologia, no amplo conceito de capacidades cognitivas e na informação

É um modelo de produção e consumo que valoriza cada vez mais a intangibilidade dos bens e serviços, em detrimento dos bens materiais

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ESG é uma ferramenta criada pelo mercado para regular e administrar incentivos e sanções que promovem a redução das desigualdades e a garantia de direitos humanos. Ela está em constante evolução, com diversas formas de avaliação e procedimentos que combatem práticas enganosas como greenwashing, pinkwashing e blackwashing

Assim, por meio dos investimentos econômicos: na gestão, prestação de serviço ou entrega de produto e no impacto social, regula a fim elevar a régua de melhores práticas de sustentabilidade, inclusão e boa governança– sem esquecer do ordenamento jurídico interno, de cada país. Como resultado, há um novo mecanismo de análise de capital, consolidando mais uma fase da era do capitalismo imaterial. O capitalismo imaterial, fornecendo valor às práticas e tecnologias envolvidas naquela corporação aderente do ESG, premiando com aumento de valor no mercado, àqueles que se comprometem e executam a responsabilidade social com os direitos humanos.

Por outro lado, ESG é um conjunto de critérios que as empresas utilizam para avaliar e mensurar sua performance em relação aos aspectos ambientais, sociais e de governança. Esses critérios estão cada vez mais sendo incorporados às práticas de negócios, tanto pelas empresas quanto pelos investidores, que buscam investir em empresas que atendam a esses critérios.

O conceito de ESG pode ser visto como uma resposta à crise ambiental, social e econômica que o mundo enfrenta. As empresas que incorporam esses critérios em sua estratégia de negócios demonstram preocupação com o impacto de suas atividades no meio ambiente, com a sociedade e com a governança corporativa.

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Assim, o impacto global da ideia ESG no contexto do capitalismo imaterial é significativo, pois cada vez mais as empresas estão sendo cobradas por seus consumidores e investidores para que adotem práticas mais sustentáveis e responsáveis. Além disso, as empresas que não se adaptarem a essas novas demandas correm o risco de perder competitividade no mercado, já que a preocupação com o meio ambiente e com a sociedade tem se tornado cada vez mais importante para os consumidores e investidores.

Em resumo, o capitalismo imaterial e a ideia ESG estão interligados, pois as empresas que incorporam esses critérios em sua estratégia de negócios têm maior chance de se adaptar a esse novo modelo de economia, que valoriza cada vez mais a sustentabilidade e a responsabilidade social.

A junção: Princípios do Pacto Global (ONU, 2000) e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ONU, 2015)

Como vimos, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ONU, 2015) seguem a ideia dos Princípios do Pacto Global (ONU, 2000) e por isso, precisam ser analisados de forma conjunta. Um decorre do outro. Uma forma de análise, é a observação por eixos de expectativas da comunidade internacional, de forma sistemática. Vejamos:

Um primeiro eixo, com metas para o compromisso com os direitos humanos (Princípios Pacto Global 1 e 2), está dividido em 7 objetivos, quais sejam: Erradicação da pobreza; Fome zero e agricultura sustentável; Saúde e bem-estar para todos; Educação de qualidade; Igualdade de gênero; Água potável e saneamento e Energia limpa e acessível.

Trabalho decente e crescimento econômico; Indústria, inovação e infraestrutura; Redução das desigualdades; Cidades e comunidades sustentáveis (como segurança e acessibilidade) são os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável n. 8 ao n.11 (ONU, 2015). Portanto, o segundo eixo, possui metas que dialogam com a esfera laboral.

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A relação de emprego ou da expropriação (venda em troca de salário/remuneração) da própria mão de obra é pautada como o mecanismo de produção capitalista que permeia a sociedade. E, por essa razão, identifica o acesso ao trabalho (Princípio Pacto Global 3 ao 6) ao desenvolvimento social-sustentável da humanidade. O que garantirá liberdade, igualdade, justiça e dignidade. 

O terceiro eixo, apresenta a preocupação da comunidade internacional com o meio ambiente. Assim, a ONU estabelece metas para questões ambientais emergentes que são os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável n. 12 ao n. 15 (ONU, 2015) que dialogam com os Princípios do Pacto Global 7, 8 e 9 (ONU, 2000). São esses Objetivos: Consumo e produção responsáveis; Ação contra a mudança global do clima; Vida na água e Vida terrestre.

O último eixo, dialoga também com o último Princípio do Pacto Global (2000) que versa sobre anticorrupção. Paz, justiça e instituições eficazes e Parcerias e meios de implementação são as últimas metas (16 e 17) estabelecidas pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ONU, 2015).

O objetivo do Pacto Global e das empresas que aderem a ele é criar uma economia criativa que inclua a diversidade e garanta a sustentabilidade para proteger a vida. A garantia de uma renda suficiente para todos, combinando a redistribuição do trabalho com o controle individual e coletivo do tempo, pode permitir o surgimento de novas formas de cooperação, solidariedade e responsabilidade social.

No entanto, ainda há muitas incógnitas a serem respondidas pela produção e mercado de trabalho. Se conseguimos avançar? Com certeza. Mas estamos longe da linha final.

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Caroline Vargas Barbosa é advogada, docente universitária e pesquisadora. Doutorando em Direito pela UnB, Mestra em Direito Agrário pela UFG e especialista em Processo Civil pela UFSC. Atua em pesquisas e assessoramentos de diversidade, inclusão e ESG.

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