Divórcio grisalho e a busca por mais liberdade e prazer após os 50 anos

As pessoas de 50 a 70 anos querem se dedicar a algo que faça sentido para elas, existindo uma busca enorme por propósito

Imagem por Simarik em Canva Fotos

Por Sylvia Loeb

Em meu dia a dia no consultório, tenho notado um fenômeno crescente: o divórcio grisalho, termo que se refere ao divórcio de pessoas com 50 anos ou mais, que decidem deixar seus parceiros, após muito tempo de relacionamento.

Esta é, de fato, uma realidade cada vez mais comum no Brasil. Nas últimas duas décadas, segundo dados do IBGE, o número de separações nessa faixa etária aumentou em 28%, contra 22% entre os casais mais jovens (de 20 a 50 anos).

Entre os fatores que explicam essa tendência, estão maior expectativa de vida, independência financeira e profissional das mulheres e menor estigmatização do divórcio, já que até os anos 70 as separações eram muito malvistas na sociedade, impondo, até mesmo, exclusões das mulheres na sociedade. Felizmente, o empoderamento feminino trouxe à mulher a coragem de dizer “não” para um casamento não satisfatório.

Imagem por Yuri Arcus em Canva Fotos

Nos dias de hoje, vivemos em uma sociedade mais longeva, sendo que, atualmente, temos mais avós do que netos. As pessoas de 50 a 70 anos querem se dedicar a algo que faça sentido para elas, existindo uma busca enorme por propósito. Aquelas que têm filhos e já os criaram, buscam, nessa fase, qualidade de vida, saúde, conquista de sonhos e realização pessoal.

Soma-se a isto o fato de que tanto os homens como as mulheres estão valorizando cada vez mais a liberdade e o prazer em todas as fases da vida. Obviamente, optar pelo divórcio faz parte desse contexto e é preciso falar sobre os benefícios do processo para quem o vivencia. Sim, porque, se por um lado uma separação pode ser desgastante e representar o fim de um ciclo, por outro, traz muitas experiências positivas.

Uma das principais, por exemplo, é a chance de retomar sonhos engavetados, que foram preteridos em função do casamento. Pode ser desde fazer uma viagem sozinha, até se aventurar em aulas de dança – o importante é colocá-los em ação!

Imagem por Minerva Studio em Canva Fotos

Com a agenda mais livre, também é possível cuidar melhor da saúde e se dedicar a atividades que trazem bem-estar, no horário que for mais conveniente. Mas não só: a tendência é que a pessoa recém divorciada também olhe mais para si mesma, promovendo o autocuidado. Que tal passar uns dias em um hotel com vista paradisíaca, colocar na agenda uma programação de massagens ou colocar em prática pequenas mudanças de atitude, como apostar em um novo corte de cabelo?

A grande lição aqui é que não existe idade para o divórcio, assim como, também não, para estarmos casados. Em síntese, estando em uma relação ou não, o fundamental é ter um ou mais projetos, algo que te faça levantar da cama e ter prazer na vida. Porque ela é um presente que nós recebemos e não fizemos nada por merecer. Por isso, a ideia é a todo momento descobrir novas formas de celebrar a nossa existência.

Aos 80 anos, Sylvia Loeb é psicóloga pela PUC-SP com formação em psicanálise pelo Instituto Sedes Sapientiae. Dedica-se a atender pacientes em seu consultório no bairro de Higienópolis na capital paulista e é uma das fundadoras do movimento “Minha Idade Não Me Define”, que combate o preconceito contra pessoas maduras, chamado de ageísmo.

Sylvia tem cinco livros publicados: Contos do divã: pulsão de morte e outras histórias (Ateliê Editorial, SP, 2007); Amores e Tropeços, (Terceiro Nome, SP, 2010); Heitor (Terceiro Nome, SP, 2012); Homens (Oficina de Conteúdo, SP, 2017) e Mulheres (publicação independente, SP, 2019).

Colaboração da pauta:

Key Press Comunicação

Caroline Fakhouri | [email protected]

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