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No teatro com Bárbara Bruno

“O teatro não morre nunca. Em primeiro lugar, ele está sempre refletindo a sociedade de alguma forma e em segundo, porque nada substitui o ‘ao vivo’”, Bárbara Bruno

Por Paulo Maia

Tive o privilégio, a honra e o prazer de conversar com a atriz Bárbara Bruno, que dirige a peça “Desinfluencer, a comédia”, em cartaz no Teatro Santa Cruz (Metrô Santa Cruz) desde o dia 10 de maio. Com texto de Sergio Tadeu baseado na ideia e argumento do ator Rodrigo Phavanello, que também atua na peça, uma comédia bem-humorada em um momento especialmente contemporâneo, para mostrar que “nem tudo é o que parece ser” neste mundo de redes sociais e da fabricação instantânea de celebridades e famosos, mas como em tudo na vida, celebra com nossas risadas (e gargalhadas) a ironia que, vez ou outra, conseguimos identificar em nosso cotidiano.

A comédia traz algumas das peripécias de um casal que se posa de uma determinada maneira para seus seguidores, a fim de conquistar patrocínio, mas que na vida real são pessoas totalmente diferentes e, ao largo da peça, não fica tão claro assim se eles são, de fato, casados. A estória ainda conta com as personagens da relações públicas que agencia e gerencia suas carreiras, com a empregada da casa e seu namorado sempre trazendo alguma muamba para negociar, e um inusitado interesse estrangeiro que põe tudo de cabeça para baixo.

Elenco da peça: Aline Mineiro, Anna Claudiah Vidal, Ailton Guedes, Vanessa Goulartt, Ernando Tiago e Rodrigo Phavanello | Foto por Trumpas @trumpas_

De voz doce e em um tom sempre elegante, Barbara Bruno tem uma carreira de mais de 50 anos entre o teatro, o cinema e a televisão. Filha de Nicete Bruno e Paulo Goulart, descende de uma família e de uma geração de artistas que são pilares da cultura brasileira.

Barbara nasceu na coxia, como ela mesmo diz, e sua estreia no teatro foi com a direção de Antunes Filho, na montagem de “Tome Conta de Amelie” (de Georges Feydeau).

Seu talento e sua experiência de toda a carreira, nos apresenta como algo gigantesco e, de fato, o é! Não tenha dúvida! Mas, aparentemente, não para ela: “…temos que estar abertos também ao aprendizado, a gente tá sempre aprendendo e descobrindo coisas novas, porque nós trabalhamos sempre à flor da pele”, diz ao se referir em trabalhar com as novas gerações e da necessidade de “estar ligada” ao que acontece no agora, na linguagem e na cultura do momento.

O “estar à flor da pele” é bastante significativo, afinal de contas, a experiência do ator é dar vida a uma personagem e seu trabalho de interpretação é único e ao vivo! “Por isso que o teatro não morre nunca. Em primeiro lugar, ele está sempre refletindo a sociedade de alguma forma e em segundo, porque nada substitui o ‘ao vivo’”, diz ao refletir sobre a relevância que o teatro tem no diálogo com o público, por ser único, mesmo que a peça seja encenada mil vezes, ainda assim, em cada atuação, a emoção e o sentimento investido em cada uma das cenas vividas pelo atores serão diferentes e portanto, únicas.

Foto por Trumpas @trumpas_

Mas Bárbara nos ensina que a coisa vai mais além: “Ao estar assistindo a uma cena, o público pode nunca ter pensado nisso, mas intuitivamente, sabe que naquele momento, entre aquelas quatro paredes, aquilo jamais vai se repetir, e assim fomos cúmplices daquele momento… “.

O ator melhora sua compreensão da natureza da personagem e a encena melhor a cada atuação e, para o público, assistir ao espetáculo de novo, e até mais de uma vez, resultará em uma conexão emocional mais forte, por reconhecer detalhes que não foram percebidos nas vezes anteriores e que o ajudarão na sua percepção e na melhor leitura e entendimento da peça, e de quebra, ainda pode aguçar mais sua curiosidade por novas leituras ao fazê-lo assistir novamente. Esta é a dança e a concepção do teatro: a coreografia entre o ator e o público. Um não existe sem o outro.

Na peça Bárbara dirige sua filha, Vanessa Goulartt. Não é a primeira vez que trabalham juntas e, com certeza, não será a última. Aliás, para elas, trabalhar com a família é algo natural e o fazem desde que nasceram! Ela comenta que “sempre soubemos trabalhar e termos a relação familiar de forma separada… quando abrem-se as cortinas, ou você faz ou… você faz! Não há meio-termo e não é a condição familiar que vai consertar ou facilitar qualquer coisa… tenho a impressão de que isso é mais curioso em nossa classe por sermos pessoas públicas… mas vejo que isso é muito comum entre outras profissões, quando famílias trabalham juntas, mas que não chega a ser uma curiosidade aos outros”.

Bárbara e Vanessa estarão em breve atuando juntas em “Ciranda”, de Célia Forte, um texto que trata de relações familiares e irão interpretar mulheres de três gerações, mostrando que a chama do teatro ainda aquece o desejo de estar sempre no palco.

Na peça “Gertrude Stein, Alice Toklas e Pablo Picasso”, de 2014, Bárbara é dirigida por seu irmão, Paulo Goulart Filho. Ela fala da sintonia e da experiência de ter trabalhado com ele – já o havia dirigido em outras montagens antes – e nos confessa que, quando atua, não dirige: “quando atuo, gosto de ser dirigida por um outro ponto de vista… me dedico na condução da personagem para a direção proposta… como interprete, eu gosto de me entregar a uma direção…”.

Para o “Desinfluencers”, ela trabalha com um elenco de novos atores e quando indagada sobre como é a troca de sua experiência com eles, ela me responde, ensinando novamente que, “cada trabalho é um mergulho novo para todos… sempre será alguma coisa que você ainda não fez… Isso é fascinante e estimulantes em nossa profissão… além do que é um aprendizado mútuo… bebemos muito da fonte do outro…”, mostrando seu entusiasmo com seu trabalho e ao mesmo tempo, reconhecendo que uma certa dose de humildade com o que acha que se sabe, é fundamental, pois a vida está sempre nos mostrando que as coisas podem ser feitas e interpretadas de maneiras novas.

Para ela, o trabalho da direção está em tudo aquilo que compõe artisticamente o espetáculo, desde o elenco, cenografia, trilha sonora, iluminação etc., e “junto aos atores, é ajudá-los ao máximo, em tirar aquela personagem que irá interpretar e cuidar para que haja uma sintonia entre todos as outras personagens…”, finaliza, indicando o grau da responsabilidade na condução da peça.

Bárbara Bruno com os atores em pé, da esquerda para a direita, Ernando Tiago, Anna Claudiah Vidal, Aline Mineiro, Vanessa Goulartt, Rodrigo Phavanello e Ailton Guedes | Foto por Trumpas @trumpas_

Foi um deleite conversar com Bárbara Bruno e perceber como é instigante discutir um assunto com quem é apaixonado por ele como profissão. Aprendemos novas coisas e é enriquecedor para a alma.

Eu já planejo voltar a rever “Desinfluencers”, claro, para que novos momentos possam jogar luz em novos cantos e me faça ver mais um novo e único “Ao Vivo”.

Foto por Nathan Rodrigues (@im_nprodrigues)
Divulgação

Paulo Maiaé publicitário formado em Comunicação Social e atua no mercado há mais de 30 anos como profissional de comunicação e marketing; possui também larga experiência em Tecnologia da Informação e consultorias de negócios com projetos no Brasil e exterior. Editor do Portal Dolce Morumbi®, escreve eventualmente na coluna La Dolce Vita, além de fornecer sua redação a várias pessoas, empresas e entidades como marketing de conteúdo e publieditoriais.

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Imagem por Marcos Kulenkampff em Canva Fotos